Os homens e a identidade estética racial
Jean-Baptiste Debret, pintor francês que retratou os brasileiros do século XVI, já descrevia a estética do homem negro. Guardadas as devidas diferenças étnicas das quais se originavam, grosso modo o tipo de penteado e corte de cabelos entre os negros brasileiros conotavam uma certa hierarquia social: nucas raspadas eram mais comuns entre aquele que exerciam cargos altos. Praticamente deixavam os cabelos crescer livremente aqueles mais longe do “processo civilizatório”.
Os homens e a identidade estética racial raramente são alvos de uma discussão mais ampla. De novo o Big Brother é que trouxe o papo à contemporaneidade quando um participante com black power foi descrito – com conotação e contexto negativos – como “cabelo de homem das cavernas”. E, finalmente, o homem negro usou sua figura estética como plataforma de um enorme e importante palanque: “estamos cansados de ouvir que ‘não falaram com más intenções’”.
A liberdade de escolha e o consequente respeito que todos devemos ter é o reflexo de um afrofuturo, a afroestima tão necessária para a equidade étnica de que precisamos para evoluir. E o cabelo é uma parte crucial dessa discussão. Os homens e seus cabelos também são parte importante de uma afirmação social, não por status, como avaliava Debret, mas por orgulho de ancestralidade. E com isso devemos concordar: o Brasil está dando um passo à frente, lento, mas na direção certa. Agora cabe a nós, brasileiros, acelerar esse passo e pensar muitas vezes antes de comentar a estética do homem ao lado.